sábado, 30 de maio de 2009
O ESPELHO
Imagens da Internet
O ESPELHO
Avelina Maria Noronha de Almeida
“- Não quebre o espelho, menina!
Dá sete anos de azar...”
Mas eu olhava,
entre divertida e vingada,
os caquinhos brilhantes
espalhados pelo chão.
Odiava o nariz,
que nada tinha de clássico,
os lábios grossos,
ancestrais,
e os olhos de quem
nada entendia do mundo.
Hoje eu gostaria
de juntar
todos
os
pedacinhos
e encontrar a minha face perdida.
REENCONTRO
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REENCONTRO
Avelina Maria Noronha de Almeida
Procurei por toda parte
nos móveis antigos e pesados
nas gavetas misteriosas
atrás dos quadros
Levantei panos
afastei cortinas
arranquei tábuas
abri grandes malas.
Desisti de procurar
e fui andando
sem tino
e sem destino
até que, de repente
passando numa rua antiga
encontrei
meus olhos de criança
numa touceira de boninas.
PAZ
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A PAZ
Avelina Maria Noronha de Almeida
Se o calor do teu coração
aquece sem queimar;
se forem, teus passos, guia
sem tambores a rufar;
se, da noite na solidão,
tua voz é canto de companhia;
e a força que te eleva o braço
não maltrata, mas acaricia;
se és sempre capaz
de sentir, como tua, a dor do irmão
e de, com ele, seguir no mesmo passo...
Tu me amas. Eu sou a PAZ!
FANTASIA
sexta-feira, 29 de maio de 2009
Encantamento
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ENCANTAMENTO
Avelina Maria Noronha de Almeida
Era uma dessas noites estivais
em que, na imensidão celeste, estrelas
luzem em verdadeiros festivais...
Eu fiquei muda, inebriada a vê-las.
E, lá no céu, a lua, pensativa
e fria, olhava, assim como se fora,
desse rebanho de astros, uma altiva,
bela, dolente e fúlgida pastora.
Passava o tempo vagaroso, lento,
com pena de deixar o encantamento
daquela noite luminosa e linda.
Um êxtase de amor, de unção infinda,
senti no peito, com se estivesse
dentro de um templo, em fervorosa prece.
MÃE TERRA
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MÃE TERRA
Avelina Maria Noronha de Almeida
No milagre da vida tens, Mãe Terra,
exilada de ti, uma porção
de átomos, neste meu corpo que encerra
a luz, o sonho, a pedra, a podridão...
És minha herança e és meu testamento
entre as tramas dos genes e da raça:
és também desafios que eu enfrento,
és verde relva, és água que me abraça.
Quando eu morrer, meus ossos, meus cabelos,
meu cérebro, meu sangue, e tudo enfim
teu ventre se abrirá a recebê-los,
e tu, que és mãe tão boa e generosa,
farás brotar meu corpo em um jasmim
ou na forma suave de uma rosa.
domingo, 17 de maio de 2009
AMOR CONSTANTE
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AMOR CONSTANTE
Avelina Maria Noronha de Almeida
Se um dia se apagar a luz do meu olhar
e as cores de uma flor, do céu, das águas mansas,
o brilho de uma estrela, um raio de luar
não forem mais que pálidas lembranças...
será doce consolo ouvir a tua voz
na triste escuridão que toda me envolver.
Mas se, num sofrimento ainda mais atroz,
o dom das sensações de todo então perder
e aproximar-se, enfim, o derradeiro instante,
há de ser meu amor fiel, firme e constante,
de sonho viverá a chama que acendi.
No refúgio final do cérebro escondida
e na última fibra a cintilar com vida,
eu estarei, até o fim, pensando em ti.
VAGA-LUME
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VAGA-LUME
Avelina Maria Noronha de Almeida
Sonhei brilhar no mundo do Poeta
que, de astros cheio, encantador, reluz...
ser da palavra primorosa esteta,
algo de belo e bom, calor ou luz.
Ó ilusório, ó doloroso anseio!
Inatingido ideal! Vaso de barro
apenas sou, de tosca forma e feio
- não taça de cristal, nem rico jarro.
Não gerei poema ou verso condoreiro,
nem sou cálida chama de um luzeiro
- mas cárcere de idéias, frágil lume.
Em vez de alçar um vôo, andei de rastro:
tentei da Via-Láctea ser um astro
nada mais sou que um pobre vaga-lume.
que, de astros cheio, encantador, reluz...
ser da palavra primorosa esteta,
algo de belo e bom, calor ou luz.
Ó ilusório, ó doloroso anseio!
Inatingido ideal! Vaso de barro
apenas sou, de tosca forma e feio
- não taça de cristal, nem rico jarro.
Não gerei poema ou verso condoreiro,
nem sou cálida chama de um luzeiro
- mas cárcere de idéias, frágil lume.
Em vez de alçar um vôo, andei de rastro:
tentei da Via-Láctea ser um astro
nada mais sou que um pobre vaga-lume.
quinta-feira, 14 de maio de 2009
Minhas Poesias
SONHO E VIDA
Avelina Maria Noronha de Almeida
Com fios de luar minh’alma foi tecida.
Nas veias me transita a seiva borbulhante
dos que vão a sonhar na estrada desta vida,
procurando aventura e glória a cada instante.
Sobre nuvens me leva o amigo Rocinante,
companheiro fiel de andanças e corrida.
Nunca de Sancho Pança o preocupar rasante
encontrará em mim o pouso ou a guarida.
E com quantos e quais moinhos lutarei,
num mundo em que o cruel, o injusto, o vil, o forte
aos pobres e ao pequeno oprimem – eu não sei,
pois trago a sina, a sorte, ou mesmo a maldição,
de ter no sonho a Lei; no puro ideal, o Norte
e, no peito, de D. Quixote um coração.
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