sábado, 19 de abril de 2014
MARIA AOS PÉS DA CRUZ
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MARIA AOS PÉS DA CRUZ
Avelina Maria Noronha de Almeida
Num dia muito triste, aos pés da Cruz,
Sofria a dolorosa Mãe, Maria,
Vendo o seu filho amado, o bom Jesus,
Já prostrado em terrível agonia.
A mãe, imersa em tão profunda dor,
Partilhava com o filho o sofrimento.
E o padecente Cristo, o Salvador,
Levantou sua voz nesse momento:
“– Mulher, eis aí teu filho!” mostrando
João. E ao discípulo falou:
“– Eis aí tua Mãe!” Foi quando,
À Imaculada, assim, nos entregou.
E desde aquele dia, Mãe querida,
Somos todos teus filhos. Ó Maria.
Se a nossa pobre alma está ferida,
És o bálsamo que nos alivia.
Se estrada é escura e traiçoeira,
És a luz que ilumina nossos passos.
E se do abismo estamos bem à beira,
O que nos segura são os teus braços.
Mãe de todas as mães! Teus esplendores
São nosso sol, a mais brilhante luz.
És o maior amor entre os amores
E a Estrela Guia que ao Céus nos conduz.
domingo, 2 de março de 2014
TELHADOS DE PARIS
TELHADOS DE PARIS da pintora lafaietense Maria Célia de Souza Andrade, residente em Paris
Arquivo pessoal
TELHADOS DE PARIS
(Quatorze Juillet)
Avelina Maria Noronha de Almeida
O sol se acendeu
nos telhados de Paris
e eles foram acendendo
os telhados
do mundo
domingo, 9 de fevereiro de 2014
ELOS LUMINOSOS
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ELOS LUMINOSOS
Avelina Maria Noronha de Almeida
Argolas de luz
se encadeiam
entre a Terra
e o Céu
Por elas passam
pensamentos puros
e sonhos
de amor
mas nunca
a ambição
desvairada
de um rei
segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014
CAMINHOS
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CAMINHOS
Avelina Maria Noronha de Almeida
Caminho de sombras
Caminho entre flores
Caminho entre pedras
difícil e doloroso
Caminho amedrontado entre montanhas
humilhado
contorcido
Caminho escondido
Caminho de emboscada
Caminho escaldante de sol
Caminho para o Norte
para o Sul
para o Ocidente
para o Oriente
Caminho cercado de bananeiras
onde o vento dedilha
sua melodia verde
Caminho ameaçado
por arames farpados
Caminho que levou um amor
Caminho que trouxe a carta infeliz
Caminho de vento
que levantou a saia rodada
do vestido domingueiro
que derrubou
o galho da árvore
enfeitadinho de flor
Caminho do rio
Caminho da ponte
Caminho da curva
Caminho da poeira
Caminho do cansaço
Caminho onde o carro de boi
vai cantando seu sofrimento
Caminho de vozes do passado
assombrado
Caminho desencaminhado
Caminho iluminado
pela luz prateada do luar
Caminho com palmeiras altas
orgulhosas
Caminho com cruz da estrada
Caminho do martírio
do delírio
Caminho dos sonhos dourados
Caminho da glória
Caminho que não tem fim
Caminho que perdeu o caminho
Caminho do meio-dia
Caminho da meia-noite
Caminho de ida
Caminho de volta
Caminho que não leva
a lugar nenhum
O último caminho
Caminho sem volta
LEMBRANÇAS DE UMA ANTIGA RUA DE CANTO
LEMBRANÇAS DE UMA ANTIGA RUA DE CANTO
Avelina Maria Noronha de Almeida
A vida tranqüila
e gostosa
de uma rua de canto...
Mulheres
sentadas ao sol,
nos passeios
de pedra, enquanto
mocinhas em flor
desfolham malmequeres.
Crianças vigiando
o passeio das formigas...
Roupas coloridas
balançando nos varais...
As horas vão passando.
As sombras caem
sobre a ruazinha de canto.
Mulheres chegam às janelas
de molduras verdes ou azuis.
“Fui no Itororó...”
Crianças brincam de roda.
“Se esta rua, se esta rua
fosse minha...”
Sonhos sobem para o ar
como balões vermelhos
“eu mandava eu mandava ladrilhar...”
mas se desmancham na noite
como balões incendiados.
E as mocinhas suspiram
sentadas sob o pé de manacá.
A lua surge acima das árvores,
escandalosamente grande
e banha de prata
a ruazinha de canto.
E quando a noite avança,
namorados
cantam
o seu amor
em serenatas.
Lembranças,
longínquas lembranças,
doces fantasmas despertados
esgarçando
a cortina
do passado.
domingo, 2 de fevereiro de 2014
MAIS UM DIA...
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MAIS UM DIA...
Avelina Maria Noronha de Almeida
A bruma desenha fantasmas.
O vulto das palmeiras sugere preces.
A alma da neblina pranteia
a noite que morre.
Um galo canta rouco,
o outro responde cristalino:
duelo na madrugada.
Dentro em pouco
passarão homens para trabalhar
e grupos de mulheres
irão à igreja
rezar.
Mais um dia...
de luta?
de dor?
de tristeza?
de alegria?
de amor?
O dia que nasce é uma
interrogação
flutuando na bruma...
MADRUGADA
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MADRUGADA
Avelina Maria Noronha de Almeida
O galo abre as portas
da madrugada
deixando entrar o nevoeiro
denso e frio.
Os ruídos dos carros
já foram dormir.
Apenas passam,
de quando em quando,
retardatários movidos
a álcool e a sonho.
Dentro em pouco
os raios assépticos do sol
varrerão os últimos vestígios
da noite falecida.
FRAGMENTO DE TEMPO
FRAGMENTO DE TEMPO
Avelina Maria Noronha de Almeida
Enquanto lá fora estoura
o sol do meio-dia,
entre as paredes antigas
o tempo desfia sombrio
e lentamente
o seu rosário de horas.
O tempo descansa a cabeça
sobre almofadas de cetim branco
ou de veludo bordado.
O tempo sorri nos móveis enfeitados
com paninhos de organdi
debruados com perlé dourado.
Há os tempos que se escondem
nas gavetas misteriosas e secretas;
os que cochilam em poltronas de palhinha,
vigiados por retratos redondos na parede.
Tempos que se diluem na frágil linha
traçada entre o passado e o presente,
que vivem nos sonhos
e dormem nas lembrança
enquanto lá fora estoura
o sol do meio-dia
FRAGMENT DU TEMPS
Tradução para o francês pela
querida amiga
ANGELA VIEGAS, que tem um magnífico blog: Portugaldecouvertes
http://portugalredecouvertes.blogspot.com/
Alors qu’éclate dehors
le soleil de midi,
entre les vieux murs
le temps egrène obscur
et lentement
son chapelet des heures.
Le temps pose sa Tetê
sur des coussins de satin blanc
ou de velours brodé.
Le temps sourit dans le mobilier garni
de napperons organdi
ourlés de perlé doré.
Il y a les temps qui se cachent
dans des tiroirs mystérieux et secrets;
ceux qui sommeillent dans des fauteuils paillés,
surveillés par les ronds portraits du mur.
Les temps qui se diluent dans la ligne fragile
tracée entre le passé et le présent,
qui vivent dans les rêves
et dorment dans les pensées
alors qu’éclate dehors
le soleil de midi.
ANOITECEU
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ANOITECEU
Avelina Maria Noronha de Almeida
Os últimos e agonizantes
raios de sol
se escoram
nas árvores e nos montes
numa inútil tentativa
de sobrevivência.
A noite chega.
O cricri prateado dos grilos
belisca a escuridão.
As estrelas abrem suas corolas
no jardim iluminado do céu
A lua empoa
o seu rosto redondo
no pó de arroz das nuvens.
Dentro em pouco
irá desfilar
na passarela estrelada do céu.
sábado, 1 de fevereiro de 2014
VIAGEM
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VIAGEM
Avelina Maria Noronha de Almeida
O cisne negro da noite
engole a esteira de luz
dos faróis.
As árvores entram
e saem de cena
apressadas.
Lá em cima passeia
a lua, desligada,
desenhando displicentemente
contornos indecisos
no horizonte negro.
A estrada vai avançando.
Somos passageiros perdidos
dentro do inexorável e grande
mistério da vida.
quinta-feira, 30 de janeiro de 2014
VISITAS
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VISITAS
Avelina Maria Noronha de Almeida
Na sala melancólica e fria
chegaram e deixaram-se estar
incômodas visitas
Algumas trouxeram até flores
mas o seu perfume
longe de inebriar
irritava.
Contavam histórias
riam
mudavam quadros de lugar
folheavam livros
e penduravam retratos
Saí com passos leves
Passei o ferrolho
deixei-as prisioneiras
do mofo e da poeira
e respirei o ar livre
da brisa que passava
domingo, 26 de janeiro de 2014
ADOLESCÊNCIA
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ADOLESCÊNCIA
Avelina Maria Noronha de Almeida
Um raio de luar
desliza suavemente
pela janela,
trazendo um príncipe encantado.
Lá fora,
outros raios
tênues e fugidios
espalham poeira prateada
nas copas das árvores
e na extensão dos campos.
À noite, o mundo se torna
uma história de fadas.
sábado, 25 de janeiro de 2014
MEDO
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MEDO
Avelina Maria Noronha de Almeida
Assustam-me esses poemas
que surgem subitamente,
como num passe de mágica.
Eu os escrevo a medo,
com receio de que,
em algum lugar
onde nascem as inspirações,
dois poemas se encontrem,
enlacem-se amantes
e, feitos um só,
se separem depois
em duas partes,
exatamente iguais,
e desçam em cérebros diferentes...
PAISAGENS
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PAISAGENS
Avelina Maria Noronha de Almeida
Sempre fui uma apaixonada
pelas paisagens da vida.
Quando eu era pequena,
ficava horas e horas
perdida a olhar um grande livro
cheio de fotografias coloridas
dos quatro cantos da terra.
Mas se me dessem o mundo inteiro
para carregar meus pés,
em minha aldeia ficaria,
aprisionada nestas montanhas de sonhos
que me levam a todas as distâncias...
VITÓRIA!
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VITÓRIA!
Avelina Maria Noronha de Almeida
No doce coração
do menino nasce uma inspiração...
Vai aos lábios e, pelo pincel,
chega a este papel.
Vem trazendo um raio amarelo
do sol brilhante e belo
e, também, rubra e quente,
a flamejante cor do céu poente.
Estas cores viram tinta
e, com elas, o artista menino pinta,
a alma feliz cantando
enquanto vai trabalhando.
O pincel, carinhoso, a folha beija
pintando uma cereja.
Depois, deslizando com amor,
noutras frutas põe a cor.
O tempo passa fugaz
e o brilho das cores desfaz:
daquele céu poente apaga o rubor
e faz envelhecer a flor.
Mas se o poente a cor não guardou
e se aquela rosa desbotou...
Viva a maravilhosa folha de papel,
das tintas guardiã fiel!
Que passe o tempo maldoso!...
No livro tão precioso
a folha traz, preservadas,
as frutas pelo menino pintadas.
domingo, 12 de janeiro de 2014
RAÍZES
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RAÍZES
Avelina Maria Noronha de Almeid
Caravela navegou
na selvagem terra chegou
Raça lusitana abriu-se em cor
na seiva, no calor
Muita riqueza, tesouro
traição, desdouro
confusas trilhas
armadilhas
Uniões
de posses e corações
Índia puri pega a laço
no seu verde espaço
o mar da cabeleira mostrou
avô branco mergulhou
Outro escorregou na senzala
enquanto a sinhá na sala
castamente bordava
e rezava
Bastardia, anel
nódoa, véu
Nas misturas
abençoadas ou impuras
vai surgindo a raça
que o sangue entrelaça
na árvore frondosa
de ramagem viçosa
Muitas luas
sensuais e nuas
passaram
rastros deixaram
Em cada flor que frutificou
uma vida começou
E foi assim
que a este mundo vim...
NAS ASAS DO SONETO
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NAS ASAS DO SONETO
Avelina Maria Noronha de Almeida
Os sonhos e as idéias revelados
em formais versos de cuidado rito,
mesmo em rígida regra encarcerados
alcançarão voar para o infinito.
Sucedem-se quartetos e tercetos
soprados pela inspiração. E, quando
se vê, na branca folha, um dos sonetos
pouco a pouco se vai delineando.
Onde está a palavra, a rima ideal?
Não falte o ritmo! Dançam com harmonia
os sons. A chave de ouro, no final,
é lírica coroa de estesia.
Cintila no soneto, sem rival,
A clássica e formosa poesia!
CENÁRIO
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CENÁRIO
Avelina Maria Noronha de Almeida
A tarde se levanta
lentamente
e, com seu mágico pincel,
derrama tinta a esmo pelo céu.
Logo chega a noite.
Pelos jardins da vida,
namorados passeiam
o seu amor.
E, lá do alto,
o espaço sideral,
de inveja tanta
por não poder
amar assim,
chora lágrimas
de prata.
sábado, 11 de janeiro de 2014
OS CISNES / LES CYGNES
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LES CYGNES
Avelina Maria Noronha de Almeida
Tradução do poema OS CISNES para o francês por ANGELA VIEGAS
do amigo país Portugal.
Angela tem um magnífico blog: Portugaldecouvertes
http://portugalredecouvertes.blogspot.com/
Ils se sont dissipés
dans la distance
les cygnes de mon enfance...
Ils nageaient tranquillement
doucement
dans un lac de la couleur du ciel,
sur la page d’un vieux livre,
très ami.
Ils sont certainement partis
vers d’autres climats
Moi aussi je suis partie
J’ai marché
d’incertitude en incertitude...
J’ai navigué
pendant des années
sur des mers
de plaisirs et d’infortunes
et je les ai perdus dans mes objets gardés
empoussiérés.
Maintenant je les retrouve
sur une toile,
nageant,
heureux sur une eau calme.
L’image ne révèle pas
dans quel endroit.
En Italie? Suisse? France?
Je sais seulement
que leurs plumes blanches
sur les eaux si limpides et sereines
évoquent la pureté et la paix.
Je demande à Dieu
qu’il réponde à mes prières:
que la méchanceté du monde
jamais n’égratigne
les eaux où nage
un cygne!
Poema original: OS CISNES
Avelina Maria Noronha de Almeida
Sumiram
na distância
os cisnes da minha infância...
Nadavam tranquilamente,
suavemente,
num lago cor do céu,
na página de um livro antigo,
muito amigo.
Certamente partiram
para outros ares.
Eu também parti.
Andei
de léu em léu..
Naveguei
por anos e anos
em mares
de prazeres e desenganos
e os perdi nos guardados
empoeirados.
Agora os encontrei
numa tela,
a nadar,
felizes em água mansa.
A imagem não revela
em que lugar.
Itália? Suíça? França?
Só sei
que suas alvas penas,
em águas tão límpidas e serenas,
lembram pureza e paz.
Peço a Deus
que atenda aos rogos meus:
do mundo a maldade
nunca tisne
as águas onde nade
um cisne!
INEXORABILIDADE
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INEXORABILIDADE
Avelina Maria Noronha de Almeida
As águas do riacho
escorrem mansamente
Meus pés mergulham na água fresquinha
Uma flor
passa se debatendo
e eu não me preocupo
em resgatá-la
Não se resgatam sonhos...
RETRATOS NA PAREDE
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RETRATOS NA PAREDE
Avelina Maria Noronha de Almeida
Os nomes?
Que importam os nomes?
Prenomes tão vários... ou fanados...
Sobrenomes sobrecarregados...
Nomes ilustres
apagados
lembrados
esquecidos...
Que importam os nomes?
Importam
a fibra
o sabre
a caneta
a dor
a terra lavrada
a lei cumprida
o ideal
a insurreição
o sonho
a luta
o amor...
QUE IMPORTAM OS NOMES?
sexta-feira, 10 de janeiro de 2014
TODAS AS MANHÃS
ESTA RUA
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ESTA RUA
Homenagem à rua em que nasci e vivi a infância
Avelina Maria Noronha de Almeida
Esta rua é minha.
Aqui fui princesa e rainha.
A calçada que me gastou os pés
foi terra e foi convés.
O vento que aqui passava
não ventava, beijava.
Esta rua é minha.
Aqui fui princesa e rainha...
quinta-feira, 9 de janeiro de 2014
IGREJAS DE MINAS
Paisagem Imaginante - pintura de Alberto da Veiga Guignard
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IGREJAS DE MINAS
Avelina Maria Noronha de Almeida
Igrejinhas, singelas igrejinhas,
rezando pelos montes, com fervor...
Brancas, de encontro aos céus, tão bonitinhas,
sois prenúncio da glória do Senhor.
Nas manhãs perfumadas e fresquinhas,
quando tudo no espaço é luz e cor,
tocando os sinos, ternas capelinhas,
louvais a nosso Deus e Criador.
E quando a tarde chega, o fim do dia
envolvendo de sombras as campinas,
e o luzir das estrelas se inicia,
os mesmos campanários das matinas
cantam suavemente a “Ave-Maria”
levando à Mãe o coração de Minas.
QUEIMADA
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QUEIMADA
Avelina Maria Noronha de Almeida
O manto escuro
se estende
sobre montes e vales
matas e caminhos
casas e gente.
De repente
as mãos ágeis do fogo
começam a bordar
e os pontos rubros
vão se espalhando
imprevisíveis
num risco móbil.
Os primeiros traços
vão se apagando
outros vão nascendo
mais adiante.
Agora é quase
um colar flamejante
no colo arfante, lúbrico
da noite.
MINHA AVÓ
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MINHA AVÓ
Avelina Maria
Minha avó morreu?
Quem disse?
Ela todos os dias
abre a porta do meu coração
e diz: “Deus te abençoe,
minha neta!”
domingo, 5 de janeiro de 2014
CONFUSÃO
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CONFUSÃO
Os meus bisavós
iam por caminhos de pedra
e conheciam
a rota dos ventos.
Ouviam os sinais e diziam:
“O sabiá está chamando chuva!”
Quanto a mim,
perdi até a direção
do pólo magnético.
Às vezes confundo o nome das ruas
e ontem queimei papéis importantes
em praça pública.
Já houve casos em que eu não soube
ler a minha própria letra
e nem sempre percebo a diferença
entre côncavo e convexo.
Mas o pior é que perdi
o jeito de mim mesma.
sábado, 4 de janeiro de 2014
NO JARDIM
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NO JARDIM
Avelina Maria Noronha de Almeida
No doce
jardim antigo
as pétalas
dos sonhos
se abrem
perfumadas.
As folhas das árvores
sobem umas sobre as outras
brincando, ao sabor do vento,
de esconde-esconde.
O sol abraça, caloroso,
o verde das ramagens.
Uma borboleta passa
leve, tênue, graciosa,
marcando, imperceptivelmente,
o tempo que desliza...
quinta-feira, 2 de janeiro de 2014
TÉDIO
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TÉDIO
Avelina Maria Noronha de Almeida
Flor seca
Vento morno
Vontade morna
Calçada imunda
Caixas
abertas pelo chão
O Não É
O Não Foi
O Talvez
O Nunca Será
Túnel longo
estreito
ar rarefeito
simples ramal
com final
sem luz
De repente
na ruela suja
eu senti
o peso do mundo
quarta-feira, 1 de janeiro de 2014
LUTA
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LUTA
Avelina Maria Noronha de Almeida
Maria
no tanque
lava a roupa
A água
molha a testa
molha as pálpebras
molha o coração
Maria
põe a roupa
a secar
O vento bate
suave
malandro
sensual
A roupa dança
a sua brancura
negaceia
aceita
infla
desmaia
O vento
seca a roupa
seca a mágoa
seca o olhar
Maria
da janela
contempla o varal
e sorri
um sorriso
enrugado
de desafio
1694 - DATA OFICIAL DA COLONIZAÇÃO DE CONSELHEIRO LAFAIETE
Arquivo pessoal
1694
Avelina Maria Noronha de Almeida
O homem branco
se extasia.
A terra é bela,
um Campo Alegre
dos Carijós.
Descansa aqui,
aventureiro,
de tuas andanças
e buscas.
A terra que serviu de abrigo
ao índio fugitivo
será para ti
pouso e riqueza.
Ah! nau paulista,
singrando mares de verdura...
Ancoraste na pedra de manganês.
No alto do mastro
o coração escreveu:
OURO.
Chuvas,vento, sol,
a sucessão de alvoradas e poentes
desmancharão o ambiciioso vocábulo.
Porém outras e outras palavras
serão escritas,
e talvez apagadas,
até que, um dia,
o sangue do indígena,
o pigmento do negro,
o suor de teus descendentes
e o amplexo de outros povos
gravarão,
na bandeira que nos trazes,
LIBERDADE E PROGRESSO!
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