domingo, 28 de junho de 2009

FESTA DO CRISÂNTEMO



















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FESTA DO CRISÂNTEMO
(Numa cidade da Alemanha)

Avelina Maria Noronha de Almeida



Crisântemos amarelos,
numa explosão de alegria,
ou os vermelhos tão belos
como o sol no fim do dia,

ou roxinhos – que beleza! –
laranjas, arroxeados...
são prendas da Natureza
aos olhos extasiados.

Belos arranjos estão
espalhados na cidade.
É uma festa a floração
que todo lugar invade.

As hábeis mãos construíram,
em formas tão diferentes,
visões que os olhos não viram,
esculturas surpreendentes.

E, assim tão frágeis, as flores
têm de glória seus momentos:
preciosidades em cores
desenhando encantamentos.

Da mente do artista parte
tão feliz inspiração:
abraçam-se a humana Arte
e a Obra da Criação.

domingo, 7 de junho de 2009

AMOR À TERRA










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AMOR À TERRA

Avelina Maria Noronha de Almeida


Há muitos e muitos jeitos
de amar onde se nasceu,
a sua gente, os seus feitos.
Em versos é o jeito meu.

Na alegria ou na dor,
no que sinto, no que almejo,
pode a tinta ser amor
e a pena pode ser beijo.

MINHA TERRA














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MINHA TERRA

Avelina Maria Noronha de Almeida

É manhã esplendorosa
na taba dos Carijós,
e brilha a mata viçosa
onde se enroscam cipós.

Nos caminhos da aventura
vão chegando os bandeirantes,
sonhando sonhos gigantes
de muito ouro e fartura.

O arraial vai crescendo,
seu nome o índio lembrando;
os colonos trabalhando,
os desafios vencendo.

É a vila então criada,
de palácio tem o nome.
Mas – tristeza! – o ouro some,
já não se acha quase nada.

No templo barroco, a linda
Senhora da Conceição!
E na praça, a construção
do Chafariz é bem-vinda.

As casas vão se espalhando,
descendo pelas ladeiras,
rodeando o Bananeiras.
De Cidade a estão chamando.

Muitas lutas, muitas glórias!
Hoje a cidade, de um filho
tem o nome e tem o brilho
de conquistas e vitórias.

É, nas escolas, criança
e jovem: tem clubes, praças...
É gente de várias raças,
cheia de vida e esperança!

sábado, 6 de junho de 2009

DOCE AMPARO






















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DOCE AMPARO

Avelina Maria Noronha de Almeida


Penosa e lentamente eu subo esta ladeira,
com inseguro andar de gente envelhecida...
Longe me vai a força audaz e alvissareira
apanágio de quem, desabrochando a vida,

traz no sangue o vigor da bela juventude!
Fico pensando, então, amargurada e triste,
no castigo cruel que traz a senectude.
E por que a dor fatal de envelhecer existe?...

E enquanto angustiada eu vou, ao longe vejo
um vulto amado, e bom, e doce como um beijo,
fruto do dom maior que Deus nos deu no exílio.

O que importa que esteja o passo a me falhar
se, carinhoso e firme, agora, a me amparar,
eu tenho o braço forte e jovem do meu filho?

sexta-feira, 5 de junho de 2009

O RIO DE MINHA TERRA














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O RIO DE MINHA TERRA
Avelina Maria Noronha de Almeida

O rio de minha terra
de longe namora o mar....
Vai descendo,
coleando,
tentando encontrar o mar.

As gotinhas vão em bando,
estremecendo,
sonhando com a esperada hora
de encontrar o mar,

com o momento
do amplexo
sonhado e
desejado
com o mar.

Leva, rio.
as gotas do meu penar...

ÀQUELA ESTRELA










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ÀQUELA ESTRELA

À minha mãe
Avelina Maria Noronha de Almeida


As noites belas, passo-as esquecida
a procurar aquela estrela
que um dia se afastou de minha vida,
sem que eu pudesse, junto a mim, retê-la.

Na imensidão da noite, luz vivaz,
apagou-se. Momento doloroso!
O recordá-lo, tão somente, faz
o sofrimento de minh’alma esposo.

Revê-la novamente eu mui quisera,
num ideal sincero, lindo e puro.
E em noites de dorida e longa espera,

vagam meus olhos pelo céu escuro,
embora saiba ser uma quimera
de novo ver a estrela que procuro.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

RECORDAÇÃO











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RECORDAÇÃO
Avelina Maria Noronha de Almeida


A sombra do que fui, oculta em doce
e longínqua poeira do passado,
veio me atormentar como se fosse
um fantasma perdido e reencontrado.

Trouxe linda boneca. Uma visão
de astros que, no infinito, se perderam.
Montes azuis tirou do coração,
idéias loucas... sonhos que morreram...

Abriu portas secretas, profanando
com seus dedos irreais, armas doridas...
Mas recuou amargurada, quando

Achou – pungente e triste como um “ai” –
um ramo de saudades ressequidas
envolvendo a lembrança de meu pai.

terça-feira, 2 de junho de 2009

VELHO TEATRO


















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VELHO TEATRO

Avelina Maria Noronha de Almeida


Em outro tempo aqui se ouviram palmas,
vibraram corações, e do talento
o brilho e a grandeza em quantas almas
despertaram ardor e encantamento.

Em vão quer o meu frágil coração,
entre mudas, inválidas paredes,
rever, com as tintas da recordação,
antigas chamas e longínquas sedes.

Apenas vejo pálidas cadeiras,
no cárcere do pó, entorpecidas
pelo triste destino das madeiras.

E, enquanto meu olhar se embaça, vou
meditando que existem muitas vidas
como o velho teatro que acabou.

FLOR MULHER
























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FLOR-MULHER
Avelina Maria Noronha de Almeida


Flor-Mulher
de suave floração...
que, entre cristais,
espelhos e diamantes,
te sobressais...
ou entre farrapos,
corroída pela fome,
entre tantos outros
nomes obscuros
escondes o teu nome...

Que te agarras temerosa,
frágil, insegura, submissa
ao caule forte que te domina
(mesmo até encanecida!)
mulher-menina...

Que em jardins antigos,
penumbrosos,
guardas teus olhos límpidos, formosos
e, violeta humilde,
entre folhas escondida,
és magnífica em
tua cotidiana lida...

Flor despetalada,
pisada, machucada;
humilhada....

Flor do campo crestada pelo sol,
fustigada pelo vento,
sem experimentar o feitiço
da mais aprimorada civilização
e, talvez, mais bela por isso...

Ou flor dos versos de Drummond,
nascida na rua, desbotada,
rompendo o asfalto,
cuja cor não se percebe,
com pétalas que não se abrem,
sem nome escrito nos livros,
que furou o asfalto, o tédio,
o nojo e o ódio,
flor do poeta Drummond...

Que sobrevives na lembrança
que ficou
do perfume que tua vida
destilou...

Branca e pura margarida,
rosa rubra e sensual,
cada uma com seu
encanto especial...

Flor-Mulher! Quantas vezes
nem sabes o sentido
do que fazes
e nem conheces o teu valor,
mas vives, e trabalhas, e lutas,
em todas as eras
e primaveras,
e mais forte e bela te tornas
quando floresces no amor...