sábado, 28 de dezembro de 2013

ESTRANHO TESOURO

















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ESTRANHO TESOURO

Avelina Maria Noronha de Almeidea



Meus pés deslizavam.
O assoalho encerado brilhava,
brilhava.

Mas eu gostava
era da terra nua,
não obstante as pedrinhas
e os gravetos.

Diziam que eu era avoada
e não via o necessário;
procurava no ar...

Falavam com rispidez:
“Se fosse cobra te picava!”

Mas eu gostava mesmo
era dos papéis...
Montes e montes de papéis.
Cheiro de tinta, de poeira
ou de mofo,
conforme a data.

Ainda hoje
meu tesouro não passa
de um pouco de terra,
de sonhos ao vento
e de folhas de papel
amarfanhadas pelo tempo.

FASCÍNIO



















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FASCÍNIO


Disseram-me: - Aumenta o rádio!
E eu respondi: - Não é preciso!
Gosto mesmo é de ouvir
a música ao longe,
os passos sumindo na calçada,
o inaudível sussurro das asas
de borboletas
ao redor da acácia.


Até a palavra que não foi dita
me fascina.

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

UM LINDO SONHO!





















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Aos que, de várias partes do Mundo, têm me visitado,
uns de perto, outros de muito longe, ofereço este soneto,
desejando que a Bonança floresça nas terras em que habitam.
A todos, um FELIZ NATAL!




UM LINDO SONHO!

Avelina Maria Noronha de Almeida


De madrugada, com seus passos leves,
O sono veio, enfim, me visitar
E, pelo menos por momentos breves,
Me levou, pelo sonho, a passear.

Fomos à manjedoura pequenina,
À manjedoura onde Jesus nasceu,
E vi a cintilar a Luz Divina
Que, a este mundo pecador, desceu.

Ajoelhei-me diante da criança
Tão doce e bela ali a me sorrir,
Mensageira de Paz e de Esperança.

E foi então que eu vi o Céu se abrir
E jorrarem sementes de Bonança
Que, nos campos da Terra, vão florir.

sábado, 21 de dezembro de 2013

TREZE DE MAIO

























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TREZE DE MAIO

Avelina Maria Noronha de Almeida



O chicote estalou no dorso escuro.
O sangue, gota a gota a destilar,
em cruel sofrimento, injusto e duro,
fazia de vergonha o chão corar.

Mas no drama da raça, finalmente,
Num dia treze, maio era esse mês,
da escravidão maldita a vil corrente
em poeira e ferrugem se desfez

quando, sublime e forte, uma insubmissa,
uma real princesa abençoada,
com a mão da compaixão e da justiça,

a Lei – NÃO MAIS ESCRAVOS! – assinou.
E a Pátria, na ignomínia acorrentada,
desses grilhões também se libertou.

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

COISAS DA VIDA



















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COISAS DA VIDA
Avelina Maria Noronha de Almeida


Enquanto colocas de lado
um saboroso pedaço de
carne,
sentindo-o insípido,
que o fastio aflora
em teus gestos,

nas latas de lixo
mãos ávidas procuram
restos.



quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

VOLTA
















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VOLTA

Avelina Maria Noronha de Almeida

Passei meu vestido branco
tirado do baú
da infância

Num passe de mágica
quem sabe
os sonhos
as quimeras
e os deslumbramentos se acendam

e a vida
retome o puro e doce sabor
da manhâ?

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

PARADOXO





















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PARADOXO

Avelina Maria Noronha de Almeida


Se eu pudesse queimar aquela ofensa
como queimei as cartas de outro amor...
Se eu pudesse abafar a mágoa imensa
que me causou teu gesto traidor...

... seria fácil com indiferença
manter nos lábios sempre um riso em flor
e não teria os sulcos da descrença
o meu rosto marcado pela dor.

Com teu amor me alegras e torturas
e assim me sinto às vezes como alguém
que é a mais triste de todas as criaturas,

mas, paradoxo, (ri se tu quiseres...)
tu me trazes o céu, e sou também
a mais feliz de todas as mulheres.

domingo, 15 de dezembro de 2013

MEMORIAL LÍRICO DA IGREJA DE SANTO ANTÔNIO




















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Memorial lírico da igreja de Santo Antônio

Avelina Maria Noronha de Almeida



Santo Antônio, milagroso, que veio de Portugal,
Era um santo poderoso dos Carijós no arraial.

Uma capela em louvor do santo, que está no céu,
Construiu com muito amor, de Sá Tinoco, o Manuel.

Por muito tempo escondida, a sua história ficou,
Porém, nas voltas da vida, um dia se revelou.

Do tempo a poeira assentada “bateu asas e voou”
E, na escrita caprichada, o que fora despontou.

Foi muita luta no início... E quanto trabalho deu!
Mas, mesmo sendo difícil, o Santo Antônio venceu.

Da igrejinha na colina, feita no Morro das Cruzes,
De brilho e ouro era a sina, e a trajetória de luzes.

Os anos foram passando... Chegou-se a mil e oitocentos,
As primaveras contando, contando chuvas e ventos.

Lá no altar, os outros santos ornavam a bela ermida.
A eles rogavam tanto os fiéis na humana lida!

Com os dias escorrendo, ia o povo trabalhando,
No moinho, o milho moendo, na mina, a pedra tirando.

Do alto de belo trono, pela Vila de Queluz,
Daquela igreja o Patrono rogava sempre a Jesus.

E, graça de Deus! Em mil oitocentos e setenta
A irmandade surgiu, de orar e servir sedenta.

Eram homens respeitados de Santo Antônio os irmãos.
Devotos e dedicados, seus sonhos não eram vãos.

O Século Vinte entrou, nele o Progresso brilhando.
No Mundo a guerra chegou, manto de dor arrastando.

Outros progressos vieram. Outras lutas explodiram.
Que passos os homens deram! Que tristezas eles viram!

O Santo Antônio querido, com aquele ar de bondade,
Não ficava distraído: zelava pela cidade,

A cidade de Queluz, que os anos atravessava
E que ele, como luz, lá do alto iluminava.

A Irmandade crescia, muitos planos realizados,
Com amor e com alegria, pelos irmãos dedicados.

Não tinha torre a igreja, o sino ficava ao lado,
Mas um belo dia, veja na torre o sino instalado!

Outro nome, certo dia, surgiu: o de Conselheiro Lafaiete.
Prosseguia a Irmandade o seu roteiro.

E havia rezas e festas, muito trabalho e ideal.
Olhe só, até serestas... coisa vista nunca igual!

E o leilão? - Olhe esta penca de bananas madurinhas!
E este vaso de avencas repicadas e verdinhas!

- Um pote de brilhantina, quem é que nele dá mais?
- Cinco mil réis! - Da menina? - Dez mil réis! - É do rapaz!

E vai fazendo mudanças do tempo a marcha implacável,
Trazendo novas nuanças, é fatal! Inevitável!

Muitas coisas permanecem, e muitas das que passaram
Os corações não esquecem, na lembrança elas ficaram.

Permanecem tantos, tantos costumes e tradições,
De Fé rituais e cantos, concorridas procissões.

Reza na terça-feira, piedosamente assistida,
Gente da cidade inteira pela devoção trazida.

Chega a trezena. Que bom! Que beleza os menininhos,
Com o seu burel marrom, ao Santo Antônio iguaizinhos!

Os fogos e as barraquinhas, do mastro o levantamento,
Os terços e as ladainhas, o desejado "pão bento".

De ajuda à Comunidade, há valores sociais.
São obras de caridade, como a sopa e muito mais.

Na Cultura, empreendedores: uma agenda diferente,
Com poetas e pintores de Lafaiete somente.

O templo sempre cuidado e o valioso patrimônio,
Com eficiência zelado, são forças do "Santo Antônio".

Terceiro Milênio. Constante trabalho e dedicação.
Planos levados avante com firmeza e decisão.

No antigo Morro das Cruzes, em feliz atividade,
Pela fé se acendem luzes, pratica-se a caridade.

Se de embates há vivências, o sucesso está à vista.
Se as lutas são contingências, as vitórias são conquista.

SANTO ANTÔNIO milagroso, que de Portugal veio,
Na colina, poderoso, há de ser sempre o esteio.


sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

FRAQUEZA






















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FRAQUEZA

Avelina Maria Noronha de Almeida




Somos, na inquietação do mundo em que vivemos,
uma sombra que passa e que desaparece,
um átomo lutando até que a vida cesse
e para algum lugar ignoto retornemos.

Entre risos e pranto, entre a revolta e a prece,
vamos vivendo, assim, paradoxais extremos:
ora chorando a dor acerba que sofremos,
ora cantando o bem que cedo desvanece.

E, na instabilidade infinda deste mundo
de emboscadas repleto, às vezes desejamos
da longa estrada o fim – o repousar profundo,

mas, ouvindo da morte os passos cruéis, fatais,
numa angústia insofrida, em ânsia, suplicamos
a Deus a graça de viver um pouco mais.

ESSÊNCIA E FORMA





















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ESSÊNCIA E FORMA

Avelina Maria Noronha de Almeida


Pressinto as idéias
crianças febris
agitando-se no cérebro

Sentimentos voejam
inquietos
pássaros revoluteando
no azul

Quisera exprimir
palavras justas
frases esplendidamente corretas
contorno firme
de uma joia poética

Procuro o termo exato
o vocábulo primoroso
a frase rica e rara
mas se escoam em minhas mãos
fugitivas águas de um regato

Palavras perdidas
boca magoada, mãos
na expectativa de um gesto que se insinua
inutilmente
num movimento imperfeito, inacabado

Dentro de mim tal ânsia de beleza
Por fora a imperfeição
de um vaso tosco
onde a ideia
frágil prisioneira
se enclausura

domingo, 8 de dezembro de 2013

FRATERNIDADE



















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FRATERNIDADE

Avelina Maria Noronha de Almeida


Se queremos encontrar
um mundo que seja azul,
com o amor a cintilar
e com paz de Norte a Sul,

sem tardar, vamos sair
em busca de cada irmão
para, os olhos a sorrir,
estender-lhe a nossa mão.

Apagaremos, com o vento,
o mal que na terra existe,
a mágoa, a dor, o tormento,
a ofensa, a palavra triste.

Assim virá novo dia
(só sonho não satisfaz)
feito de canto e alegria,
mensageiro de amor e paz!

sábado, 7 de dezembro de 2013

ESTRADA REAL

















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ESTRADA REAL

Avelina Maria Noronha de Almeida



Caminho Novo
Roteiro de reis e povo
de heróis, de almas gigantes!

Passos antigos
amarrados
cansados
amigos
inimigos
prepotentes
odiosos, traiçoeiros

Moradores, tropeiros
mineiros
almocreves e infratores
oficiais e fazendeiros
Passos confusos
de brancos nobres, plebeus, doutores
negros, índios, mulatos, mamelucos, cafusos

Tropas carregadas de ouro
diamantes
pedras faiscantes
das Minas, enfeite e tesouro
ou tropas que voltam carregadas de sal
de especiarias
e demais mercadorias
vindas do Reino, de Portugal

Som rascante
das rodas de carro de boi, de carruagens
elegantes
pela nobreza usadas nas viagens

Silêncio... Ouço sons cavos e doridos
Quem estará passando?
São pedaços de um homem esquartejado
porque ousou ficar sonhando
com um país libertado
Chegam a meus ouvidos
esses sons sofridos...

Hoje tudo é pó, fumaça
porque tudo passa
Mas também continua passando
a mesma estrada em busca do horizonte...

A mata é desejo de floresta
e de verdura uma festa
cobrindo monte
esverdeando
paisagens a perder de vista
Ruínas que do passado são pista

Um pico aponta o céu
envolto pela cortina
da neblina.
A fonte
entre pedras marulhando
vira pequena cascata
esgarçado véu
O riacho transparente
e o rio afluente
da torrente que vai para o mar
A casinha pendurada
la na encosta do monte
estalagens, fazendas
gameleiras
porteiras
que fecham e abrem caminhos

Igrejinha branca, singela
na colina, tão bela!

Cidades antigas
tranquilas e amigas...
Povoações
perdidos rincões
lugares, gentes
entre si tão diferentes!...

O mesmo céu de outrora recorta
a serra
colores a terra
de sol
(um festival de luzes no amanhecer!)
colore o entardecer
de tons rubros, dourados
marchetados
esfuziantes
rosados e brilhanntes
(um sonho de se ver!)
e recorta o voo das aves
com seus volteios suaves

Segue a estrada
redescoberta
aberta
para uma infinidade de trilhas
maravilhas
de um roteiro
que descança na reta
resfolega nas subidas
e despenca pelas descidas

Hoje na estrada vão passando
modernos bandeirantes
resgatando,
caminhando
nas mesmas trilhas de antes...

A MORTE DO POETA / LA MORT DU POÈTE










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Poème écrit en écoutant, à la radio, les nouvelles de la mort de Vinicius Moraes



A MORTE DO POETA / LA MORT DU POÈTE

Avelina Maria Noronha de Almeida

Tradução para o francês por ANGELA VIEGAS, do amigo país Portugal, que publicou o poema em português e em francês em seu magnífico blog Portugaldecouvertes
http://portugalredecouvertes.blogspot.com/


L’oiseau a ressenti une douleur soudaine
et durant son vol il a vacillé.
La joie s’est reccueillie
empressée.
Le verbe “aimer” frissonna
de froid
et le mot “femme”
s’est évannoui.

De la Poesie s’est perdu
le rythme.
Les métaphores palirent.
Plus mauve est devenue
la violette.
Une note désaccorda
brusquement
dans la symphonie de la vie.

Il y a eu une interruption
de la nature dans son harmonie.

L’horizon affligé demanda:
- Qu’est-il arrivé?

Des ailes se sont déployées légères
dans l’azur attristé
Le poète est mort!

J’espère que ma traduction vous aidera à apprécier ce joli poème!



Poema original: A MORTE DO POETA

Avelina Maria Noronha de Almeida


Súbita dor o pássaro sentiu
e vacilou no voo.
A alegria recolheu-se
apressada.
O verbo “amar” estremeceu
de frio
e a palavra “mulher”
teve um delíquio.

Da Poesia extraviou-se
o ritmo.
As metáforas empalideceram.

Mais roxa se tornou
a violeta.
Uma nota desafinou
bruscamente
na sinfonia da vida.

Houve um hiato
na harmonia da natureza.

O horizonte indagou aflito:
– O que aconteceu?

Asas ruflaram leves
no entristecido azul:

O poeta morreu!



quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

O TEMPO E A VIDA




















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O TEMPO E A VIDA

Avelina Maria Noronha de Almeida


Agradece o dia que começa,
que tem seu valor e encanto,
que é sempre uma promessa,
mesmo que haja pranto.

Aceita o tempo que passa.
Seu moinho tudo mói,
do pecador ao sem jaça,
desde o sem viço ao herói.

Venera o dia que termina,
que, em tudo que se viveu,
alguma coisa ele ensina...
Nada, nada se perdeu.















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PROVA

Avelina Maria Noronha de Almeida


A vida é uma prova:
carteiras marcadas,
folhas brancas
quase sempre manchadas
de medo...

... a caneta trêmula
ou firme,
dependendo
do enigma.

Marque com X a opção correta:

Quantos são os países
da América Central?
Que houve na passagem
das Termópilas?

Quantas vezes você marcou a opção
correta
e perdeu um sonho?

TEMPESTADE


















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TEMPESTADE

Avelina Maria Noronha de Almeida


O vento arranca
as florinhas roxas
do meu pé de primavera
e o chão fica juncado de dor.
Sabiá está chamando chuva...

As nuvens se adensam.

São Pedro está arrastando
as cadeiras do céu.
Santa Bárbara, valei-me!
- Queima a palha, menina,
que “envém” tempestade!

Ziguezagues de ouro riscam o espaço.
Os pingos cada vez mais grossos
tamborilam na vidraça.
O mundo chora o seu pranto
de dor e penitência:

PERDÃO, SENHOR!....

pelas mães que esfacelam os filhos
dentro do ventre seco
pelos que plantam pesadelos e colhem
ramos de louro
pelos que desfolham oliveiras
e perseguem doces borboletas
pelos que tiram o pão da boca dos famintos
pelos que prevaricam

PERDÃO, SENHOR,

PELOS
MUROS
PELAS
CRUZES
PELOS
FALSOS
PELOS
SUJOS

PELOS QUE PARTICIPAM
DA IMOLAÇÃO DOS JUSTOS

PELAS QUE PASSAM A NOITE
COM AS LÂMPADAS SEM AZEITE

P E L O S M A U S
P E L O S I N F I É I S
P E L O S I N E S C R U P U L O S O S

p e l o s q u e s e e s c o n d e m

p e l o s p u s i l â n i m e s

p e l o s o m i s s os

p e l o s

q u e


s o n h a m


e m


v ã o



p e l o S...


. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .


(PERDÃO PARA ADÃO E EVA!)


A tempestade se afasta com seu manto cinza,
sujo de águas barrentas,
arrastando folhas mortas.

Apenas uma ou outra gota se desprende,
agora,
das árvores escorridas e
solenes como fidalgos empobrecidos.

O ar fica de novo puro, fresco,
parecendo moça bonita que sai do banho.

Debruçada no muro úmido,
vejo as pessoas passarem
redimidas,
serenas,
apaziguadas...

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

EU, TIRADENTES


















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EU, TIRADENTES

Avelina Maria Noronha de Almeida


Mais uma vez percorro estes caminhos
já agora sem a sofreguidão da carne
Nas trevas o matagal faísca

Na longa caminhada
foram ficando
pedaços mutilados
enrijecidos

Chego ao destino final
a Praça da Ignomínia

Do Palácio me contemplam
cheios de ódio?
de escárnio?
de glória?

E nas frestas das janelas
olhos espiam
curiosos
temerosos
- compadecidos? -
o que resta do meu corpo

A vida foi expulsa
pelo fervilhar do ódio
na força da prepotência

Soprai forte, todos os ventos
sobre minha cabeça
- não a corrompida pela morte -
mas a que paira no ar
incorruptível
soberana

O sal que a salgou
também salgou auroras e crepúsculos
salgou a Liberdade

Arrancai dela, todos os ventos
sonhos e ideais
Levai-os a cada estrada
ou caminho
a cada monte
ou colina
a cada rio
ou riacho
para ficarem à espera
da alma forte e predestinada
que atiçará a fagulha

Na morte ainda serei chama!



AQUARELA DA VIDA



















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AQUARELA DA VIDA

Avelina Maria Noronha de Almeida



Pela estrada das memórias
agora vou caminhando
e quantas velhas histórias,
enleada, recordando.



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O rosa da doce infância
(bonecas, risos, folguedos)
desmaiado na distância
de um reino só de brinquedos.


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Depois... lindo azul de um sonho...
Adolescência. Alegrias...
Às vezes, tempo risonho,
às vezes, melancolias.



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Da mocidade, verduras,
seiva, esperança, vigor.
Castelos, enleios, juras,
entusiasmo e amor.


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Amarelo, rutilante,
brilha o sol. Maturidade.
Às vezes cruel, escaldante
é a luz da realidade.


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E apontam roxas, doridas
saudades, sombras, lembranças.
Velhice... Lutas vencidas.
Estioladas esperanças.



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Intérmina caminhada
pelos meandros da vida.
És a glória ou és o nada?
Escalada ou descida?

TEMPO ANTIGO

















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TEMPO ANTIGO

Avelina Maria Noronha de Almeida


Pelo tempo eu escorrego...
Peço um olhar emprestado
a um duende encantado,
que aonde vou,meu olho é cego...

Numa casa muito antiga,
todos em volta da mesa.
Clareando a gente amiga,
no fogão, a lenha acesa.

Lá fora a chuva caindo,
e uma goteira (que bom!),
numa lata retinindo
em seu monocórdio tom.

Ah! tempos que são passados
dessas noites de aconchego...
Com pés de vida cansados,
lá eu sei que nunca chego.

Na terra em que o sonho mora,
a imagem vai se esfumando
e, dentro do peito, agora,
é que a chuva vai molhando.

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

CONTESTAÇÃO

















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CONTESTAÇÃO

Avelina Maria Noronha de Almeida



O poeta não é um fingidor.
É um transformador:
pega suas angústias
e faz uma poesia.

A noite vira dia.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

FELIZ NATAL!


















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FELIZ NATAL!

Avelina Maria Noronha de Almeida


- Mãe! Que é FELIZ NATAL?
- FELIZ NATAL, meu filho, é...o mesmo que: JESUS NASCEU!

Menino descalço,
descalço e friorento,
o morro desceu.

Na cabecinha a frase que por toda a parte ouvia,
mas não entendia: FELIZ NATAL!
Dissera a mãe: “JESUS NASCEU! Jesus nasceu?...

Em cima do muro, na noite escura,
arregalados, dois olhos
furavam a vidraça.

Lá dentro a grande árvore
(casa de gente rica)
consteladinha de luz!
Presentes dependurados
como frutos sazonados.
Bolas multicores,
muito ouro,
muita prata.
Tiniram vidros. Alguém gritou: - FELIZ NATAL!

As perninhas sujas, arrepiadas,
outra vez no chão andavam
sem entender nada: Jesus nasceu?...

Pela porta de grandes vidros,
no restaurante chic,
de novo dois olhos arregalados
furaram a vidraça.

Mesas fartas, apetitosas.
Mulheres charmosas.
Homens sorridentes.
Abraços, cumprimentos.
A todo momento se ouvia: - FELIZ NATAL!

O menino saiu andando,
agora quase chorando,
sem entender nada. Jesus nasceu?...

Subiu desconfiado
os degraus de mármore
de uma igreja linda.

Viu a gruta. Num bercinho de palha, um menino.
Anjos, pastores, bichinhos, Reis Magos,
a “barba de pau” dependurada...
O menino encantou-se com a estrelinha.
Murmurou, a seu lado, a menininha:
- JESUS NASCEU!

Saiu de novo andando,
ainda sem entender nada. Jesus nasceu?...

Na vitrine da grande loja
grudaram-se os seus olhinhos
num carrinho eletrônico
sofisticado e caro.
Empregados o tocaram,
impacientes.
Queriam fechar a loja.

Mas o dono o viu. Viu o olhar.
Lembrou-se do filho em casa,
para quem levaria tantos presentes...
Num impulso,
abriu a vitrina.
Tirou o carrinho.
O menino assustou-se,
quis correr,
porém o homem o chamou:
- Toma! É teu!

O menino abraçou-se ao carrinho
E saiu correndo.

Menino descalço,
descalço e sorridente,
o morro subiu.
correndo pelas ruas da favela.

Chegou à porta do barraco,
abraçou a mãe,
e a frase veio quente
do pequenino coração:

- FELIZ NATAL! JESUS NASCEU!


domingo, 1 de dezembro de 2013

MENSAGEM DE NATAL

















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MENSAGEM DE NATAL

Avelina Maria Noronha de Almeida



Há quem, no mundo, indiferente passa,
há quem fere e maltrata, quem tortura,
quem põe seu ideal numa fumaça,
em falso e vão conceito de ventura...

Mas existe o que sabe ser feliz
e da vida o real sentido alcança:
a seu próximo ajuda, a Deus bendiz,
pondo a alma num sonho de esperança...

... o que sabe do irmão secar o pranto
e tem da caridade a luz acesa,
que o desvalido cobre com seu manto
e que partilha o pão da sua mesa.

Que o Menino Jesus da manjedoura
o abençoe e lhe dê muito carinho,
clareando com luz imorredoura
e cobrindo de flores seu caminho.

PAZ

















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PAZ

Avelina Maria Noronha de Almeida


Que na ampulheta das eras
se marquem verões, invernos,
outonos e primaveras,

mas sejam tempos risonhos,
com amores sempiternos
e uma seara de sonhos...

Apenas doirada areia
deslize ao fluir dos ventos
e à urdidura da teia.

Sequem-se todos os prantos!
Na aventura dos momentos
haja sempre ceia e cantos...

Encerrem-se as reuniões
com abraços e sorrisos
nos encontros das Nações,

e astros de brilho invulgar
- fulgores de paraísos -
acendam-se em cada olhar .