quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

EU, TIRADENTES


















Imagem da Internet



EU, TIRADENTES

Avelina Maria Noronha de Almeida


Mais uma vez percorro estes caminhos
já agora sem a sofreguidão da carne
Nas trevas o matagal faísca

Na longa caminhada
foram ficando
pedaços mutilados
enrijecidos

Chego ao destino final
a Praça da Ignomínia

Do Palácio me contemplam
cheios de ódio?
de escárnio?
de glória?

E nas frestas das janelas
olhos espiam
curiosos
temerosos
- compadecidos? -
o que resta do meu corpo

A vida foi expulsa
pelo fervilhar do ódio
na força da prepotência

Soprai forte, todos os ventos
sobre minha cabeça
- não a corrompida pela morte -
mas a que paira no ar
incorruptível
soberana

O sal que a salgou
também salgou auroras e crepúsculos
salgou a Liberdade

Arrancai dela, todos os ventos
sonhos e ideais
Levai-os a cada estrada
ou caminho
a cada monte
ou colina
a cada rio
ou riacho
para ficarem à espera
da alma forte e predestinada
que atiçará a fagulha

Na morte ainda serei chama!



Nenhum comentário:

Postar um comentário